“- Como é que se pensa na respiração? – É então que, de repente, começo mesmo a pensar, e fico enredada em pensamentos sobre a respiração, sobre a mecânica da respiração, a pensar como é que o meu copo sabe respirar quando eu estou a dormir, ou a chorar, ou cheia de soluços. E se o meu corpo se esquecer de respirar, o que é que acontecia? E claro, começo a sentir-me ligeiramente ofegante, como se estivesse a subir uma rua inclinada, embora na realidade esteja a descer a segunda metade da ponte.
- Pronto, foi estranho.
- Estás a ver? – pergunta-me o Willem. – Concentraste-te demasiado. Com as viagens é a mesma coisa. Não se pode pensar demasiado no assunto, senão parece que estamos a trabalhar. Temos de nos submeter ao caos. Aos acidentes de percurso. // - Isso quer dizer que se me deixar atropelar por um autocarro me vou divertir à grande?
O Willem solta uma gargalhadinha.
- Não estava a falar desse tipo de acidentes. Referia-me às pequenas coisas que acontecem, que umas vezes são insignificantes, mas outras vezes mudam tudo.
(…)
- Um sujeito dá boleia a uma rapariga que está a pedir boleia num sítio remoto. Um ano depois, ela fica sem dinheiro e vai bater-lhe à porta. Seis meses mais tarde, casam-se. São acidentes.”
- Apenas um dia, Gayle Forman